Tive a sorte de crescer em uma casa,
De poder brincar nos fim de semana no quintal da casa da vovó,
Subir em árvores, comer frutas no pé.
Brincar de casinha e fazer comidinha de terra e folhas (de hortelã!),
Com direito a suquinho de amora!
E de ter pais com bom gosto, especialmente musical.
E irmãos mais velhos também.
Crescer em meio a leitura, música, bons filmes.
Com problemas também, mas com o bálsamo que essas coisas
Significam em
nosso dia a dia.
Com a leveza que elas nos trazem.
E nesse meio, veio Vinicius de Moraes.
Uma paixão, algo sem explicação.
Uma criança de posse de um livro de sonetos,
Devorando cada palavra,
cada rima.
E se agigantando por dentro.
Ao ver a Arca de Noé na TV acho que nem piscava direito, de tão
encantada!
Quando ele se foi, chorei tanto!
Senti ali a falta do que ainda poderia vir, porque certamente ainda viria
muita coisa boa.
E hoje, em seu centenário, viro menina de novo.
Olhos marejados, coração cheio de paz.
E saudade.